segunda-feira, 17 de outubro de 2016

Ônibus das três

Já eram três horas e eu estava atrasada,
mesmo assim tirei meus pensamentos carregados da cabeça,
deixei entrar um pouco de ar nos pulmões,
passei a não pensar em nada,
afinal, eu já estava mesmo atrasada,
dei uma olhada em volta,
o ônibus estava cheio,
eu estava sentada ao lado da janela,
naquelas cadeiras viradas de costas para o motorista,
onde nenhuma senhora quer se sentar,
dali eu conseguia observar todo mundo,
cada um preso em seu próprio universo.


Foi então que reparei,
na quantidade de senhoras que havia ali,
todas vestindo sua melhor roupa,
provavelmente aquela dedicada a ir na igreja,
cabelos penteados e ainda molhados,
perfumes de todos os tipos,
provavelmente tinham o mesmo destino,
mas mesmo assim, cada uma presa em seu mundo.

O olhar delas, estava atento ao caminho,
expressões cansadas de uma vida muito sofrida,
no que será que pensavam?
o que se passava na cabeça de cada uma?
me peguei pensando como seria a minha vida,
se eu faria o mesmo,
se ainda teria forças para atravessar a cidade em um ônibus,
se ainda me deixaria levar pelas pequenas coisas,
se tudo ainda me pareceria um incomodo.

As vezes, ao entrar no ônibus,
ainda penso em como será lá na frente,
ainda me pego pensando no que estarei fazendo,
em como será a minha vida quando eu for a senhora,
quando eu for aquela que não senta de costas para o motorista,
será que terei feito tudo que tinha vontade?

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